Abril/2020

Ideias Inspiradoras

O que é o amor?
Você ama?
motivado pelo texto de Karnal

 

O que é o amor 1.jpg

 

É manhã de domingo e freio meu desejo de jogar tênis. Estou em casa, colaborando com a prevenção de mais contaminação Covid-19. Provavelmente não teria lido a coluna do Karmal, não fosse este período de “fique em casa, aproveite para refletir e experimentar o novo em sua rotina".
 

- Para você, o que é o amor?, pergunto aos meus pacientes. O amor é um tema frequente em nossas sessões de psicoterapia. Diversas e singulares respostas aparecem. Encanta-me o sentido que cada um de nós atribui ao amor. Quando faço esta pergunta, surgem duas associações: ... minha singularidade ... a carta de Paulo, 1 Corintios 13, 4-8, e a música de Danilo Caymmi, O que é o amor?
 

Quando li a coluna de Leandro Karnal, interessado pelo título “Você ama?”, me veio este impulso de compartilhar com vocês, em especial com vocês, meus(minhas) pacientes: os casais, as famílias, os carentes de um(a) companheiro(a), os que ainda estão na “fossa” e os que buscam um relacionamento conjugal. 

Que esta página colabore com seu bem estar e com o seu ir em busca do desejo de ser feliz no Amor.

 

Você ama?


A lição de ‘Romeu e Julieta’ é uma advertência contra a insanidade da paixão.
(recortes do texto de Leandro Karnal)

 

“ ...

Quero formular uma reflexão que não é unânime entre historiadores. Existe o desejo sexual. Os hormônios descarregados no corpo de alguém após a infância são quimicamente detectáveis. Não se trata de um delírio, é um fato biológico. A partir disso, existem convenções sociais. Em uma sociedade na qual o código moral e religioso estabelece regras claras, o sentimento sexual será sentido como ruim, incômodo ou perverso. Da mesma forma, onde floresce o discurso do amor e da paixão como referência cultural, é comum perguntar-se aos jovens por quem ele/ela estão apaixonados. Entre amigos púberes, a paixão é esperada e incentivada.
 

Os filmes e os livros mostram como o amor vence todos os obstáculos, como ele dá sentido à existência. Agora vem a pior de todas as criações culturais: existiria uma metade, uma alma gêmea, um ser perfeito que se adapta, convexamente, ao meu côncavo. Tal encaixe mágico ganha tons de destino: o formato das peças foi preparado há muito. Assim, o desejo sexual (que já passa por mediações culturais enormes) vai sendo associado a uma paixão específica. ...
 

... O que faria um matrimônio durar não seria o amor permanente, todavia a proximidade de formação ou de renda, a capacidade de gerar herdeiros que assegurarão o nome da família. O casamento não seria uma escolha de indivíduos, mas social. Os arranjos matrimoniais de muitos hindus ou religiosos tradicionais falam de uma espécie de sociedade harmônica e a harmonia implica coisas muito racionais, evitando o fogo da paixão. Jovens apaixonados provocam o caos, como Romeu e Julieta de Shakespeare ...

 

Romeu e Julieta.jpg

... Desconfio muito do amor inflamado, do amor que não existe sem a outra parte, de pessoas casadas com uma essência sem elaborar a existência. Confio na relação amorosa que desafia, que aumenta minha consciência, que estimula que eu consiga mais do meu potencial e explore mais o mundo. Gosto do amor-desafio que fala de um Nós que não suprime o Eu e o Tu, que cresça junto e instigue a ser cada vez mais e que, por força da convivência e das conversas mútuas, mostre meus pontos cegos. A convivência íntima do amor, o contato de corpos, o cotidiano que derruba cenografias e formalidades: tudo pode ser uma ferramenta extraordinária de conhecimento de si e do mundo.
 

... Não há damas encantadas no lago, não há cavaleiros de armadura reluzente, nunca houve uma alma gêmea, jamais um amor redimiu alguém.

...O amor real é uma disposição interna que vive na prática diária. O outro é fácil: basta ser o Romeu que encontra Julieta no domingo e morrem em menos de cinco dias. Amar por uma semana é onanismo a dois. Amar por anos é para quem está disposto a muito mais do que um ajuste corporal. E se Romeu e Julieta completassem bodas de prata? ... “