Outubro/2021

Psicologia
Comunicação Não Violenta
Empatia, Compaixão e Entregar-se de Coração

Recotes, edições e adaptações do livro de Marchall B. Rosenberg,

 

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Psicoterapia é relação, um processo entre o psicoterapeuta e o paciente. Também chamada de “a cura pela palavra”, a psicoterapia se dá a partir de conversas. O paciente relata as situações que lhe trazem sofrimento e desconforto, expressando seus sentimentos e emoções. O psicoterapeuta ouve atentamente, acolhe e analisa o que diz o paciente. E colabora com o paciente na sua busca de alternativas para minimizar seu sofrimento e desconforto.

 

Assim como em qualquer outro tipo de conversa, a comunicação entre o paciente e o psicoterapeuta é afetada pelas emoções e sentimentos de ambos. Os ruídos nesta comunicação podem ser minimizados com a empatia e a compaixão.

 

A Comunicação Não Violenta, proposta por Rosenberg, nos estimula a exercitar a empatia e a compaixão, a nos entregar de coração aos relacionamentos e a nos libertar dos condicionamentos e dos efeitos negativos de experiências passadas.

... manter a humanidade, mesmo em condições adversas.

 

A linguagem e o uso das palavres têm um papel crucial na nossa capacidade de manter a compaixão. “Falar e ouvir” nos leva a entregar-nos de coração, ligando-nos a nós mesmos e aos outros de modo que a compaixão brote naturalmente.

Esta forma de se comunicar foi denominada por Rosemberg de Comunicação Não Violenta. Ele usou o termo “não violência” como Gandhi o empregava.

 

Embora possamos não considerar “violenta” a maneira de falarmos, as palavras podem provocar mágoa e dor, nos outros ou em nós mesmos.
 

A Comunicação Não Violenta baseia-se em habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem nossa capacidade de manter a humanidade, mesmo em condições adversas.
 

Ela nos orienta a reformular a maneira de nos expressarmos e a ouvirmos os outros. As palavras, em vez de reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente fundadas na consciência do que percebemos, sentimos e desejamos. Somos levados a nos expressar com sinceridade e clareza, ao mesmo tempo que damos aos outros uma atenção respeitosa e empática.
 

A Comunicação Não Violenta ensina a observar com cuidado e nos torna capazes de perceber os comportamentos e as situações que nos afetam. Aprendemos a identificar e expressar claramente o que de fato desejamos em qualquer situação. 
 

 

Dar-se de Coração
 

"Given to", de Ruth Bebermeyer, cantada por Dorset

 

Nunca me sinto mais entregue do que quando recebes algo de mim, quando compreendes a alegria que sinto ao te dar algo.

E sabes que minha entrega não é para que me devas, mas por querer viver o amor que sinto por ti.

Receber de boa vontade pode ser a maior entrega. Eu nunca conseguiria separar as duas coisas.

Quando te entregas a mim, 
eu te entrego meu recebimento. Quando recebes de mim, eu me sinto muito entregue.
 

 

O modelo da Comunicação Não Violenta

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Observação, Sentimentos, Necessidades e Pedidos


Uma mãe poderia dizer ao seu filho: “Fico irritada ao ver duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três perto da TV, porque preciso de mais ordem nas áreas de uso comum da nossa casa. Você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na máquina de lavar?

 

Observação: expressar o que percebemos sem julgar nem avaliar; simplesmente dizer o que nos agrada ou não naquilo que as pessoas fazem.

 

Sentimentos: identificar e dizer o que a ação nos faz sentir: raiva, medo, alegria, nojo, tristeza.

 

Necessidades: identificar quais das nossas necessidades estão ligadas aos sentimentos identificados.

 

Pedidos: só então, fazer um pedido bem específico.

 

Mantendo a concentração nessas áreas e ajudando nossos interlocutores a fazer o mesmo, estabeleceremos um fluxo de comunicação que resultará na manifestação natural da compaixão:

 

  • O que estou observando, sentindo e do que estou necessitando? O que estou pedindo para enriquecer minha vida?
     
  • O que você está observando, sentindo e do que está necessitando? O que você está pedindo para enriquecer sua vida?
     

A Comunicação Não Violenta pode ser feita sem que se diga uma só palavra. Sua essência está na consciência dos quatro componentes, não nas palavras que são trocadas.
 

 

Palavras são janelas [ou muros]

 

Tuas palavras me condenam,
Me julgam e me afastam tanto.
Antes de partir preciso ouvir:
Disseste aquilo no entanto?

Antes que me defenda altiva,
Antes que fale por mágoa ou medo,
Antes que erga um muro de palaras,
Diga, será que ouvi isso mesmo?

Palavras são janelas ou são muros,
Nos condenam ou alforriam.
Quando eu falar ou quando escutar,
Que a luz do amor de mim irradie.

Preciso dizer certas coisas
Que tanto importam para mim.
Se por acaso eu não for clara
Ajudarás a me libertar enfim?

Se eu pareci criticar-te,
Se achaste que não nos damos,
Tente ouvir em minhas palavras
Sentimentos que partilhamos.


Ruth Bebermeyer                

 

 

"A menos que nos tornemos a mudança que desejamos ver acontecer no mundo, nenhuma mudança jamais acontecerá."

 

Mahatma Gandhi       

 


Referência bibliográfica

Rosenberg, Marshall B., Comunicação Não Violenta, 5a. edição, São Paulo, Editora Ágora, 2021
 


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