Fevereiro/2025

Psicologia

 

Sobre Inteligência Artificial

IA não é a solução universal para os problemas globais, e questiono a sua aplicabilidade impensada, pelo simples fato que seja “cool”. Em resumo, procuro equilibrar o entusiasmo pela inovação com uma reflexão crítica sobre suas consequências.

 

Transcrição do post de Cezar Taurion no LinkedIn
acessado em 5 de fevereiro de 2025

 

Saí de vários grupos de Whats que debatem IA. Não que sejam ruins, pelo contrário, são grupos formados por gente tecnicamente muito boa. Mas, sentia falta de uma discussão mais ampla sobre os impactos da IA na sociedade. Senti que a imensa maioria poderia ser considerada como tecno-otimistas, que acreditam fortemente que a tecnologia, por si só, é capaz de resolver os principais problemas da humanidade, como a pobreza, as mudanças climáticas e as desigualdades sociais. Para eles, a inovação tecnológica é um motor inevitável de progresso, capaz de criar um futuro melhor de maneira quase automática. Essa visão celebra os avanços tecnológicos como algo intrinsecamente positivo, muitas vezes sem considerar adequadamente os riscos ou impactos negativos. Esse viés ficava claro, por exemplo, nos infindáveis debates sobre se um modelo era melhor que outro, sem nenhuma discussão sobre a real utilidade dele para a sociedade e seus eventuais impactos em empregos. Via exaltação às ferramentas de IA que acabariam com funções como desenvolvedores, advogados e médicos. E, satisfação com a possibilidade de um futuro sistema de agentes operar uma empresa com 10% das pessoas. Mas se outras empresas fizessem a mesma coisa e para quem elas venderiam seus produtos? Como a economia vai girar?

Os tecno-otimistas tendem a assumir que a tecnologia é neutra, ou seja, que seu impacto depende apenas de como as pessoas a utilizam. Mas subestimam a influência dos interesses políticos, econômicos e sociais. E que as tecnologias são acessadas e usufruídas de maneira desigual, ampliando lacunas sociais em vez de reduzi-las.

Assim, como me posiciono como tecno-ceticista, me sentia meio deslocado. Prefiro abordar a tecnologia de forma crítica, questionando tanto seus benefícios quanto os impactos negativos na sociedade. Sei que, embora a tecnologia tenha potencial para resolver problemas, ela também pode criar ou agravar desigualdades, gerar impactos ambientais e ameaçar valores humanos fundamentais, como privacidade, autonomia e justiça. Não rejeito a tecnologia, mas acredito que seu desenvolvimento e uso devem ser analisados em termos de consequências sociais, éticas e ambientais.

Também enfatizo os perigos da dependência excessiva de tecnologias, e seus efeitos como a perda de empregos, o aumento da vigilância em massa e os impactos climáticos de novas indústrias. Também rejeito a ideia de que o progresso tecnológico é inevitável e intrinsecamente benéfico, mas considero que ele reflete decisões políticas, econômicas e culturais, e que deve ser guiada por princípios éticos e acompanhado de regulamentações adequadas que protejam os interesses coletivos.
 
Entendo que a IA não é a solução universal para os problemas globais, e questiono a sua aplicabilidade impensada, pelo simples fato que seja “cool”. Em resumo, procuro equilibrar o entusiasmo pela inovação com uma reflexão crítica sobre suas consequências.