Maio/2021
Psicologia
Dormir Bem e Ansiedade Noturna
Respiração aprofundada e exercícios simples podem ajudar
Temos hoje um excesso de demandas, em especial obrigações de trabalho, compromissos financeiros e expectativas das pessoas que amamos e das que contam com nosso suporte, prover e acolher.
Nossa rotina diária pode consumir todo o nosso tempo e, consequentemente, acabamos deixando de descansar – o ócio criativo – e de dormir bem.
É importante compreender os sinais do nosso corpo. Eles indicam a necessidade de dormir bem.
Durante o sono nosso organismo realiza funções essenciais para manter a saúde e fortaleccer o sistema imunológico.
Considerando a Tríade do Bem Estar (alimentação, atividade física e repouso), Nuno Cobra, em seu livro "A Semente da Vitória, coloca o sono como o principal restaurador do organismo. Ele defende que se durma em torno de oito horas diárias e que o horário de dormir seja respeitado, para que o sistema de revigoração e restauração do nosso corpo seja eficaz.
Sinais que indicam a má qualidade do sono: Imunidade baixa, Irritação, Dificuldade para Concentração, Aumento de Peso e Reflexos Lentos no dia a dia.
E no início da Sessão de Psicoterapia ...
“Não tenho dormido bem”
“Ando muito cansado. vou dormir tarde,
e mesmo assim o sono não vem.”
“Basta deitar e começo a pensar nos problemas, no que não está dando certo. Aí, fico horas rolando na cama. Quando pego no sono, já é quase hora de acordar para o trabalho.”
“Não consigo dormir sem a televisão ligada ou ver as novidades e mensagens das redes sociais.”
A Ansiedade Noturna acomete milhões de pessoas. São as preocupações excessivas do dia-a-dia, os perigos apontados pelo medo, pensamentos incontroláveis, a tristeza pelas perdas do que já tivemos e do que pensávamos ter.
Quando estas sensações se intensificam a mente não nos deixa dormir. A Bioenergética nos ensina que devemos ter Consciência Corporal, ouvir e priorizar as necessidades do nosso corpo. E o corpo pede repouso, um bom e regular período de sono.
A prática de exercícios leves, respiração aprofundada e grounding, experimentada e incluída na rotina de muitos pacientes, mostra que trabalhos corporais relativamente simples, fazem bem ao corpo e ao aparelho psíquico, proporcionando sonos reparadores e revigorantes.
Adormecer tranquilamente e
ter um bom período de sono
Uma prática por intermédio de exercícios simples
1. Deite-se de costas confortavelmente e apoie a planta dos pés deixando os joelhos flexionados;
2. Descanse a mão esquerda sobre o abdômen, um pouco acima do umbigo;
3. Descanse a mão direita sobre o tórax, sentindo o coração;
4. Inspire jogando todo o ar no abdome e procure aprofundar a respiração, lenta e confortavelmente;
5. Preferencialmente com os olhos fechados, utilize a função mental Atenção, focando cada parte do seu corpo, desde os pés até a cabeça;
6. Imagine que cada inspiração traz boas energias e cada expiração devolve ao ambiente externo tudo do que você não necessita mais;
7. Caso sinta qualquer emoção, deixe seu corpo expressá-la;
8. Volte a respirar como é do seu costume;
9. Coloque-se na posição preferida para adormecer e
10. Deixe-se dormir.
Sobre o Dormir
Recortes editados do livro “O Corpo Traído”, de Alexander Lowen
As expressões “cair no sono” e “mergulhar no sono” sugerem a descida de um nível a outro, do Consciente para o Inconsciente. Os verbos “Cair” e “Mergulhar” denotam um deslocamento no tempo e espaço, e se tornaram associados ao sono.
A ansiedade de queda – vertigem – tem origem no tempo de nossos antepassados, que temiam cair do alto das árvores onde dormiam, como podemos observar ainda hoje nos gorilas. O sonho de que estamos caindo é talvez o tipo mais comum de sonho ansioso.
Na filosofia antiga, o corpo era dividido em duas partes. A região acima do diafragma relacionava-se com o consciente e o dia; a região abaixo do diafragma relacionava-se ao inconsciente e à noite. A ascensão do sol acima do horizonte, que traz a luz do dia, corresponderia a um fluxo ascendente de sensações que vão do abdome para o peito e do peito para a cabeça. Este fluxo ascendente traria então a Consciência para o ser humano. Este processo estava associado ao despertar. O pôr-do-sol corresponderia à descida das sensações da metade superior do corpo para as regiões inferiores, abaixo do diafragma. Este processo inverso estava associado ao adormecer e ao sono. Assim, o despertar é frequentemente vivenciado como uma ascensão, ou subida das profundezas, da escuridão para a luz.
A transição da sonolência para o sono é percebida como se a cabeça estivesse “afundando” no corpo.
Na primeira etapa desta transição, a pessoa toma consciência do seu corpo. Sente o seu peso, a sua substancialidade e a sua massa. Sente suas pernas e pés e, com muita frequência, suas dores. A respiração se torna mais profunda e integrada, assemelhando-se à respiração do bebê ou do animal.
Na segunda etapa, ocorre uma perda gradativa de consciência do corpo. A imagem corporal desaparece. Se o sono não chega logo, a pessoa pode tomar consciência dos seus órgãos internos, particularmente do coração, e percebe a pulsação nas diversas partes do corpo. Esta consciência pode trazer sensações inquietantes na medida em que a percepção e a atenção recuam da superfície do corpo para seu interior. Em algum ponto deste processo a luz da consciência se apaga; e quase toda a percepção cessa.
A ansiedade que impede o sono frequentemente surge em alguma parte desta segunda etapa. De um lado, parece estar relacionada com a redução da consciência e a sensação de estar afundando; do outro lado, com a percepção dos órgãos internos. A sensação de estar afundando e a tomada de consciência da batida do coração parecem constituir sinais de perigo para muita gente, restaurando assim o estado de vigília – de estar acordado. A vigília focaliza a atenção sobre as sensações corporais profundas, que se tornam ampliadas na quietude da noite, transformando-se num clamor interno. O sono torna-se impossível enquanto o clamor não cessa.
A evolução da consciência cria as categorias de dia e noite, luz e trevas, vida e morte, mente e corpo. A descida para a inconsciência durante o sono torna-se então uma descida simbólica para o túmulo. Assim, a redução da consciência desperta o medo da morte e ativa a preocupação com ela.
Para evitar a ansiedade já experimentada em outras ocasiões, a pessoa luta inconscientemente contra deixar-se afundar no corpo, o que a levaria a um estado de pânico. Sem a consciência desta luta contra o medo de se afundar no corpo, ela se apega ao estado consciente, e a sua ansiedade se transforma no medo de não conseguir dormir.
Entrar em pânico, ideia associada à morte por falta de oxigênio, descrita pelo adulto como “estar aprisionado – sem saída”, constitui também a base fisiológica do pânico. E esta concepção do pânico vem acompanhada de distúrbios respiratórios.
Toda ansiedade é um sinal de perigo
e mantém a tensão corporal e o estado de alerta.
O sono também é um retorno simbólico ao útero, uma regressão ao estado primitivo de inconsciência, que inclui também a ideia de morte, tanto que útero e túmulo muitas vezes são imagens interligadas.
No ser humano, o medo do desconhecido deriva de um temor que temos dos processos misteriosos do corpo. No animal, o medo do desconhecido e o temor de adormecer são praticamente inexistentes. O animal vive do seu corpo, na bem-aventurada ignorância da morte.
Qualquer atividade, que faça o indivíduo entrar em contato mais profundo com o seu corpo, promove a transferência de controle da mente para o corpo. Exemplificando, uma experiência sexual satisfatória é o melhor e mais natural dos soníferos. Na pessoa sadia, o sono vem imediatamente após o orgasmo, quando a ativação sexual satisfatória geralmente é uma experiência profunda e renovadora. A masturbação satisfatória age exatamente da mesma maneira. Do mesmo modo, para uma a criança que está no colo, a amamentação traz sensações agradáveis ao corpo. A criança que mama adormece facilmente com a sua boca ainda no bico do seio, sem medo quando está em contato com o corpo da mãe.
No adulto, as sensções de segurança e calor são proporcionadas pelo contato prazeroso com seu próprio corpo. As atividades físicas propiciam este contato, e facilitam o processo de adormecer. Fazer exercícios físicos simples um pouco antes de dormir é uma forma de superar a dependência em relação aos medicamentos utilizados para ajudar o paciente a dormir. Nestes exercícios, o mais importante é aprofundar e regularizar a respiração, o que relaxa o corpo todo, enchendo-o de sensações agradáveis.
Exercícios respiratórios simples têm habilitado muitas pessoas a adormecer com facilidade. Comumente, quando deitadas na cama, apenas a respiração aprofundada já é suficiente. Contudo, pessoas com pouca identificação com seu corpo podem entrar em pânico com o surgimento das sensações corporais. Para estas pessoas é preferível um programa moderado de exercícios. E no caso de pessoas desesperadas, estas técnicas terapêuticas simples não bastam.
Referências Bibliográficas:
O Corpo Traído - Alexander Lowen - São Paulo - Sumus - 1979
Exercícios de Bioenergética - Alexander Lowen e Leslie Lowen - São Paulo - Ágora - 1985
Semente para a Vitória - Nuno Cobra - São Paulo - Senac - 2001
Outros Informes: Psicologia Assessoria de Desempenho Consultoria Empresarial Idéias Inspiradoras