Outubro/2024
Psicologia
O significado “afetivo” daquilo que chamamos “casa”:
Uma reflexão através do cinema
Texto de Luciana Helena Mussi e Beltrina Côrte
Transcrição do trabalho publicado no Portal de Revistas da PUC-SP,
na revista Kairós-Gerontologia, acessado em 15 de outubro de 2024
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RESUMO: Este texto tem por objetivo refletir sobre o significado “afetivo” daquilo que chamamos casa (lar, moradia) através do curta-metragem “Tsumiki no ie” (A casa em pequenos cubinhos). O filme apresenta questões percebidas como alicerce / base para a compreensão da importância deste “material de construção tão especial” feito de tijolos, cal e memória, cujo produto final denomina-se “casa”. A nossa memória é construída a partir das lembranças edificadas por vínculos afetivos, alegrias, desejos, apego, luto e tantos outros materiais do coração e da alma. A arte que se faz através do cinema, com uma linguagem construída por imagens, pode e muito contribuir na compreensão de um envelhecer cuja moradia significa muito mais que um local seguro para morar. Nesta reflexão, “mergulha-se” nos encantos e encantamentos desta arte para entender a que “uma casa, a nossa casa pessoal”, nos remete e que especial significado ela passa a ter na velhice.
Palavras-chave: Casa; Memória; Casa em pequenos cubinhos; Cinema.
ABSTRACT: This article aims to reflect on the meaning of "emotional" what we call home through the short film "Tsumiki no ie" (translation: The House in small cubes). The film poses questions perceived as a foundation / base for understanding the importance of this “material made of bricks, lime and memory whose final product is called "home”. Our memory is constructed from the memories built by affective ties, joys, desires, addiction, bereavement and many other materials of the heart and soul. The research shows that art done through cinema, with a constructed language with images, can contribute a lot in understanding where an aging housing means much more than a safe place to live. Backed by the conceptual literature is intended to immerse yourself in the charms and enchantments of this art to understand what a "house, our house staff” reminds us that special meaning and it is replaced in old age.
Keywords: Home; Memory; The House in small cubes; Cinema.
“Tsumiki no ie”, traduzindo A casa em pequenos cubinhos, direção de Kunio Kato, 2008, é uma pequena obra-prima da curta metragem, um trabalho artesanal da animação japonesa de grande competência estética e poética que, com extrema delicadeza, conta a história – sem diálogos – de um senhor com idade já avançada que mora em uma cidade ao nível do mar. Com o passar do tempo, o nível da água vai subindo, e, desta maneira, o idoso tem que erguer ainda mais sua casa, que é levantada tijolo por tijolo. Um dia ele acorda e percebe que precisa construir um novo pavimento acima, pois a água já alcançava a parte em que ele estava morando. Terminada a construção, recolocando seus pertences no novo pavimento ou casa, ele perde, acidentalmente, seu precioso cachimbo. Com roupa de mergulho ele decide procurar o objeto, quando, subitamente, vêm em sua mente as recordações do passado. A cada nível, a cada pavimento que ele vai descendo, diversas recordações lhe vêm à tona. Sua esposa, filha e genro aparecem em forma de velhas lembranças na medida em que ele vai passando pelas partes submersas e revendo velhos objetos. Onde antes ele vivera seus bons momentos ao lado das pessoas que amava, hoje tudo está submerso em água, perdido para sempre. Tudo retratado em um grande filme passado em apenas 12 minutos, com lembranças que se apresentam de forma lenta e nostálgica, uma magnífica viagem ao longo da própria vida, um mergulho em tudo que, hoje, já é passado.
Para o nosso personagem, não se trata de viver obcecado e aprisionado numa vivência que lhe foi significativa no passado. Existem outras formas de rememorar fatos vividos, outros olhares, como explica Brandão (1999):
Recordar para o idoso não é doloroso e nem deve ser visto como uma fuga da realidade atual. Ao contrário, rememorar possibilita a ressignificação, unindo passado, presente e futuro, que se harmonizam reforçando a sensação de pertinência a um grupo de origem e a um destino.
A casa em pequenos cubinhos é uma história repleta de encantos e encantamentos, exala poesia e verdade em cada cena, ao som da belíssima trilha sonora de Kenji Kondo. Pode ser vista como uma metáfora da vida, do tempo, do amor e da solidão. A trajetória de um homem que tem uma linda história de vivências e relacionamentos familiares que não voltam mais.
O quanto da trajetória deste velho, a construção e manutenção da sua casa, somadas as mais calorosas lembranças são partes da construção interna deste ser nostálgico que somos todos nós? Para Eliade, os símbolos jamais desaparecem da atualidade psíquica: eles podem mudar o aspecto, a roupagem, mas sua função permanece a mesma. Segundo ele, devemos buscar as novas máscaras:
A mais abjeta “nostalgia” esconde a “nostalgia do paraíso”. (...) as imagens liberadas subitamente por uma música (...) invocam a nostalgia de um passado mitificado, transformado em arquétipo, que esse “passado” contém, além da saudade de um tempo que acabou, mil outros sentidos: ele expressa tudo que poderia ter sido, mas não foi, a tristeza de toda existência que só existe quando cessa de ser outra coisa, o pesar de não viver na paisagem e no tempo evocado pela música (...); enfim, o desejo de algo completamente diferente do momento presente, definitivamente inacessível ou irremediavelmente perdido: o “Paraíso.” (Eliade, 2002)
Talvez esta descida ou viagem às camadas mais profundas da psique, representada pelas casas construídas nas várias fases da vida, empilhadas como cubinhos de brinquedo, seja a nostalgia do paraíso, a simples e ao mesmo tempo complexa procura pelo que há muito foi perdido.
O quanto esta casa, construída em vários pavimentos, não recolhe nas suas paredes, no vazio dos espaços, no silêncio das vozes, a trajetória da vida, infância, adolescência, idade adulta e velhice?
Especialmente na velhice, parece que tudo isto fica potencializado, impregnado, impresso na nossa memória, nesta casa interna repleta de cômodos e esconderijos. Domingues (1996) lembra Cícero ao falar de um efeito do tempo implacável: o Deus que engole os próprios filhos “é o próprio tempo, o tempo insaciável dos anos, que consome todos que nele se escoam”.
São muitos os significados da palavra “casa”; dentre eles ressaltamos aqueles que consideramos mais pertinentes para esta reflexão e que estão na maioria do imaginário das pessoas: Edifício de formatos e tamanhos variados, geralmente de um ou dois andares, quase sempre destinado à habitação. Família; lar. Conjunto dos membros de uma família. Conjunto dos bens de uma família ou dos negócios e assuntos domésticos; e Lugar destinado a encontros, a reuniões ou à moradia de certas categorias de pessoas, cujos interesses, origens e cultura por vezes representam ou expressam.
Em linguística, a palavra “casa” muitas vezes significa “homem” (uma casa alegre, uma casa culta) e sua origem (de uma boa casa), ou ainda o grupo de origem; a igreja é a “Casa de Deus”, o túmulo, a “última” ou a casa “eterna” até o Juízo Final. Nas culturas primitivas, a casa é também o ponto de encontro para discussões, festas e ritos (...). Para a psicologia, o que acontece na “casa” acontece dentro de nós. Frequentemente nós mesmos somos a casa. (Biedermann, 1993). A casa, nesse sentido, é entendida como nossa identidade.
O sentido afetivo da palavra moradia, “a casa”, é o lugar destinado à construção de relações, vínculos, como um reservatório de lembranças que, a qualquer momento, um detalhe, um cheiro, um objeto, um olhar, são rapidamente evocadas e se apresentam da maneira como as ressignificamos.
O ambiente como espelho da vida
A relação do nosso personagem com a sua moradia representa a expressão de sua identidade, marcas significativas e pessoais, a construção contínua de seu meio de proteção e bem-estar. Um espaço próprio e de seu domínio e controle. A casa em pequenos cubinhos é a personificação do ambiente como espelho da vida do protagonista. Em cada tijolo, em “cada pavimento”, ele materializa sua identidade, que ao ser revisitada, estes surgem como testemunhas de uma história vivida. Mergulhar na casa é penetrar nos territórios da velhice, às vezes sinuosos, desafiantes, cheios de risco. No curta, este terreno aparece construído e sendo construído de forma resistente ao alagamento.
Os ambientes, móveis e objetos, e o significado de conforto ao longo dos séculos, chegando ao que hoje se entende como ambiente e privacidade, de intimidade e de vida familiar na consciência humana, foi sendo escrito por Rybczynski (2002). Para ele, o bem estar doméstico é uma necessidade humana fundamental, que está profundamente enraizada em nós e que precisa ser satisfeita, o que permite uma sensação caseira, de intimidade, de privacidade, de domesticidade e de um ambiente aconchegante, marcado pelos vestígios da sua vivência, a sua marca. O que é percebido nas paredes da casa, especialmente os retratos da família. O curta mostra como os objetos presentes permitem a sensação de bem-estar e ambiente familiar para o senhor de idade avançada. Eles são carregados para cada novo pavimento construído, como se este fosse o criado mudo que se carrega na velhice.
Goldfarb (1998) cita Lacan ao falar sobre o “trabalho do tempo”: “A história não é o passado. A história é o passado, historizado no presente porque foi vivido no passado”. Enquanto Chauí (2009) trabalha o conceito de memória trazendo os belos versos de Casemiro de Abreu:
Ó que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais.
Ou estes outros, de Gonçalves Dias:
Eu me lembro,
eu lembro!
Era pequeno e o mar bramia.
A memória é uma evocação do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que se foi e não retornará jamais. É nossa primeira e mais fundamental experiência do tempo (...).
A análise deste material de encantadoras imagens e significados, rememorado lentamente pelo personagem, será feita tijolo por tijolo, cubinho por cubinho.
A história de A casa em pequenos cubinhos começa com a imagem de fotos nas paredes, objetos de adorno, mobília e nosso personagem a contemplá-los, sem jamais ficar sem seu inseparável cachimbo. Durante as refeições, apenas a televisão, com a imagem um tanto chuviscada, um prato de comida e uma taça de vinho, um cenário de completa solidão.
Boaretto, citando Alves, aborda as razões para que uma pessoa decida viver na solidão. Lá e apenas lá, se pode ser livre como nunca se foi:
Acho que esta é a razão misteriosa por que certos homens, de repente e sem explicação, deixam tudo e se refugiam na solidão: eles querem se ver livres da perturbação dos olhares dos outros, a fim de poder ver com os seus próprios olhos. Na solidão da montanha ninguém sabe o meu nome. E porque ninguém o sabe, sou mais livre como nunca. (2005)
Certa manhã, ao acordar (e levar o cachimbo, rapidamente à boca), nosso herói é surpreendido com a invasão da água, que desta vez, ocupa o andar de sua moradia. Em função desta surpresa da natureza, para receber os mantimentos, que chegam numa canoa, é necessário que se suba até o último pavimento da casa. Com isso, o velho, um tanto persistente em manter a sua casa seca da invasão alheia, debaixo de sol e chuva constrói mais um pavimento de casa, quer dizer, mais tijolos, cada vez mais altos para impedir o avanço da destemida água. Tentando salvar todos os seus pertences, equilibrando-se numa pequena canoa, o pacato senhor deixa cair acidentalmente seu mais estimado bem: o cachimbo.
Traçando um paralelo entre o velho solitário e o nosso brasileiro Saci-Pererê: como pensar no Saci, personagem do folclore brasileiro, um dos mais antigos e carismáticos personagens da cultura popular, sem seu cachimbo? É como um lobo sem dentes! O mesmo ocorreu com o nosso herói, não havia como “continuar” sem o inseparável cachimbo (quase uma extensão de si mesmo), apesar de algumas tentativas de adaptação a “alguns” outros cachimbos.
É interessante observar, que seguir a vida sem seu amado objeto, estava fora de cogitação. Entretanto, foi exatamente este evento da perda que o fez continuar, viajar pelas suas memórias (casa), ser surpreendido pelas lembranças, enfrentar e pensar sobre elas.
Determinado, decidido, e depois de apropriadamente vestido com roupas de mergulho para a aventura que o esperava, o nosso tímido herói decide mergulhar em busca de sua preciosidade. Ele segue, sem saber exatamente em que nível das diversas casas o desejado objeto poderia ter-se perdido.
Pensando no personagem, nesta viagem, neste mergulho dentro de sua própria casa, é possível trazer o conceito de Mito para entender a experiência vivida nesta aventura. Dá-se o nome de Mito a um relato de algo fabuloso que se supõe ter acontecido num passado remoto e quase sempre impreciso. Os mitos podem referir-se a grandes feitos heroicos que são considerados, com frequência, como o fundamento e o começo da história de uma comunidade ou do gênero humano em geral. (Mora, 2001). Ulisses é um exemplo: após 10 anos lutando em Troia pelos gregos, o vitorioso herói decide retornar para sua casa, na Grécia. Uma viagem que deveria ser rápida e simples, acaba transformando-se em uma grande aventura, na qual Ulisses e seus homens encontram sereias, monstros e outros seres da mitologia, durante os 10 anos que passam navegando tentando voltar para casa. É o mito do eterno regresso.
Mas quando o silencioso velho encontra seu cachimbo, logo ele é invadido, surpreendido pela lembrança de sua esposa, um acontecimento passado, em que ela é quem resgate seu cachimbo do chão. Num momento altamente idílico, esse senhor é despertado pela realidade, invadida por água e peixes que nadam calmamente na sua casa. A viagem segue, e no próximo pavimento a visão de uma cama o leva à doença de sua falecida esposa, nos cuidados dispensados a ela neste momento tão delicado de enfrentamento da morte de uma pessoa amada. Em seguida vem o casamento da filha querida, a foto da celebração, a lembrança que permanece. E a descida às profundezas continua implacável com a imagem das refeições em família, sua filha criança indo para a escola, a refeição compartilhada, a menina ainda bebê montando casinhas, também com pequenos cubinhos. Os acontecimentos seguem seu curso.
Finamente, chegando no primeiro pavimento da casa, nosso corajoso senhor abre a porta da casa e é surpreendido por uma paisagem devorada pela água e pelas lembranças. Desta vez a volta, o retorno, o regresso foi bem maior: a imagem que lhe chega é dele mesmo e sua esposa ainda crianças, brincando inocentemente ao redor de uma árvore, depois jovens assolados pelo amor, em seguida o casamento e a união feliz que os faz construir a própria casa, tijolo por tijolo, cubinho por cubinho, entre uma refeição e outra, momentos de grande troca afetiva, risos que enchem o ambiente, a morada de amor. Infelizmente a lembrança desaparece e olhando através da janela, ele recolhe e contempla com imensa emoção a única taça do chão que restou da primeira casa invadida pela água.
Viver, respirar o pouco ar que ainda lhe resta o leva de volta ao presente, a vida que lhe foi reservada e que segue seu curso. Curso que é lembrado por Bergman (1987) quando cita um pensamento de Strindberg em sua obra Borrasca: A vida é curta, mas pode ser demorada enquanto a vivemos.
A opção, no caso do nosso herói, foi pela vida e esta decisão fez com que na cena final fôssemos presenteados com a imagem do velho, novamente à mesa, com sua refeição pronta, dois copos de vinho e um brinde final a tudo que passou, ao que está armazenado nesta casa de muitos e talvez infinitos pavimentos, onde qualquer lembrança pode ser evocada não importando a linha do tempo.
De acordo com Izquierdo, mesmo que experiências ruins atropelem o curso dos eventos e possam influir nas ações futuras, não é possível apagar aquilo que somos:
Há, creio, um espelho dentro de cada um de nós que a todo o momento nos revela claramente quem somos. É um espelho inescapável; nenhum disfarce ou mentira pode evitar que nos forneça a imagem precisa daquilo que realmente somos. É inútil enganá-lo: o espelho enxerga e reflete através das 2Ernst Ingmar Bergman (Uppsala, 14 de julho de 1918 — Fårö, 30 de julho de 2007). fantasias e das atitudes. Frente a ele estamos sempre nus. Ele nos diz constantemente quem somos. Cabe a nós decidir ser melhores; mas não podemos ser outros. (2006)
A casa como reservatório de lembranças
A casa em pequenos cubinhos é para o senhor de idade avançada o mundo que ele não quer perder, símbolo de uma história num lugar. Um lugar que ao longo do curta se mostrou também estar em risco. No filme A casa adormecida (Rose Red), roteiro de Stephen King, logo no início se lê nas legendas que “A casa é o corpo que colocamos sobre o nosso próprio corpo e conforme o nosso corpo envelhece, a casa também envelhece e assim como nosso corpo adoece, nossa casa adoece”. Em outras palavras, a casa segue o ciclo de vida de seu dono.
As imagens do cinema (curta- e longa-duração) possibilitam visitarmos territórios ainda desconhecidos de uma etapa da vida e a partir deles repensarmos sobre a vida, principalmente sobre os anos a mais que viveremos, muitas vezes a sós, ou acompanhados por estranhos, em pavimentos que podem nos dizer quem somos como também podem nos mostrar o quanto somos estranhos a nós mesmos e aos outros.
Dias nos lembra que Jean Luc Godard situava o cinema "entre a vida e a arte". Assim, ao trabalhar as imagens da velhice no cinema, ele afirma que:
É nesse espaço que a tela escura se ilumina, e um novo tempo se anuncia. Tempo-possibilidade de ver histórias nunca vistas e imaginadas, de entrar em contato com novos mundos, de pensar sobre o mundo e nossa existência nele. (2005)
O curta A casa em pequenos cubinhos nos leva a estes mundos inexplorados, a certas atitudes diante dos acontecimentos que jamais esperávamos; é um desafio constante à própria existência. Isto tudo proporciona “possibilidades”, sejam eventos negativos ou positivos. É a incessante busca pelo estimado objeto (no caso do velho personagem, o inocente cachimbo), o mergulhar nas profundezas, num território de múltiplas surpresas, onde lembranças voltam a ser vividas e, acima de tudo, sentidas.
O cinema promove esta troca através da criatividade, da socialização, das lembranças trazidas por pequenos detalhes. Leva-nos a encontros e desencontros de ideias, favorece viagens no tempo, no espaço e na imaginação. Permite um diálogo entre temas como a moradia, seu sentido afetivo para nós, seres humanos, a animação trazida pela arte e a competência de cineastas talentosos e questões complexas do envelhecimento.
É a grande tela que nos brinda com as agruras e vitórias do velho. Um velho que tem, na sua casa, seu próprio reservatório de lembranças, tramas tecidas pelo tempo, que volta e meia nos convida a uma viagem inesperada pelos pavimentos onde muitas surpresas nos esperam – é a ficção A casa em pequenos cubinhos que se torna realidade, ou será o inverso?
E para finalizar esta reflexão sobre casa, velhice e cinema, chamamos novamente o dramaturgo e cineasta sueco Ingmar Bergman (1987):
Nossa necessidade de distrações vai diminuindo à medida que envelhecemos. Quanto a mim, me sinto satisfeito com dias em que não acontece nada de especial, dias correntes, e com noites não inteiramente de insônia. Meu cinema de Faro me proporciona um prazer que nunca deixarei de sentir. (...). A cadeira em que me sento é cômoda, o ambiente confortável, e quando a luz se apaga e as primeiras imagens aparecem na tela, não ouço outro barulho a não ser o que me chega, muito suavemente, do cacifo bem isolado em que está a máquina de projeção. Depois essas imagens voltam os rostos para mim, me pedindo que lhes siga os destinos. E a emoção que sinto continua a ser a mesma, embora veja cinema há sessenta anos.
Referências
A casa adormecida (Rose Red) (filme) (2002). Direção de Craig R. Baxley. Roteiro de Stephen King. EUA/Canadá. http://cinemedo.adorocinema.com/a-casa-adormecida/
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Luciana Helena Mussi – Engenheira, Psicóloga, Mestranda em Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Assistente-Editorial e Revisora da Revista Kairós Gerontologia, Revista Temática Kairós Gerontologia e Cadernos Temáticos Kairós Gerontologia e Colaboradora do Banco de Vídeos e Filmografia do Portal do Envelhecimento, do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE). E-mail: lh0404@terra.com.br
Beltrina Côrte – Jornalista, Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), Pesquisadora/Docente/Orientadora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Gerontologia da PUC-SP e Editora de conteúdo do Portal do Envelhecimento, do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento (OLHE). E-mail: beltrina@pucsp.br
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