Setembro/2024  Idéias Inspiradoras/Virtude

 

Justa Medida

A falta, a prudência ou o excesso ?
 

“A virtude só pode ser alcançada pela prudência, a ponderação e deliberação sobre a justa medida, a mediana entre os vícios por omissão ou por excesso.”

 

Sobre a Ética Aristotélica         

 

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A falta e o excesso são temas frequentes nas sessões com meus pacientes. A Ética de Aristóteles nos ajuda a perceber que a prudência parece ser a melhor escolha.

 

Este informe se baseia no conceito da Justa Medida, para refletirmos sobre a maneira de agir em todas as áreas em que atuamos.

 

Diante das demandas que temos, deveríamos nos omitir, fazer o suficiente ou fazer em excesso?

 

 

A Justa Medida na Ética Aristotélica

 

(recortes, adições e edições do texto de Pedro Menezes. Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação)

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“A ética de Aristóteles é uma teoria da virtude. ... um clássico grego.

 

Nela, Aristóteles afirma que os seres humanos possuem uma essência, uma natureza e também uma finalidade.

 

Essa finalidade seria o sentido da vida, que é uma vida bem vivida ou a felicidade. ...

 

Para Aristóteles, a felicidade é o sumo bem, o objetivo último das ações humanas. ... é o alvo que orienta as ações humanas.

 

Para ele, a busca pela felicidade faz parte da natureza humana e essa felicidade só pode ser alcançada a partir da virtude.

 

As boas ações conduzem os seres humanos para o bem e as más ações só são praticadas por ignorância, porque vão contra a sua própria natureza. ...

 

A virtude só pode ser alcançada pela prudência, a ponderação e deliberação sobre a justa medida (ou justo meio), a mediana entre os vícios por omissão ou por excesso.

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Para desenvolver o hábito da virtude se faz necessário ser prudente e contar com pessoas que apresentem exemplos de boas ações.

 

Assim, com bastante ponderação, é possível alcançar uma vida bem vivida e feliz.

 

Tabela das virtudes de Aristóteles

Tabela das Virtudes de Aristóteles.png

Para Aristóteles, a justiça é a virtude que faz a ligação entre a ética e a política. Isto faz com que a justiça seja responsável por submeter o interesse individual ao interesse comum, orientando a criação de leis que possam guiar as ações para o bem comum e a felicidade da comunidade. ”

 

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Quais seriam as virtudes do nosso tempo?

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Respondendo à questão “A ética das virtudes ainda é atual?”. Luiz Felipe Pondé afirma: “é obvio que sim”.

 

Apesar de se pensar a Ética do nosso tempo a partir das ideias de Compliance (estar de acordo com as normas) e de Utilitarismo (produzir bem estar para o maior número de pessoas), continuam sendo virtudes: a coragem, a disciplina, a generosidade, a honestidade.

 

Coragem de enfrentar um mundo violento e mentiroso, de dizer não e de pensar em outro valor que não seja o dinheiro e o sucesso,

 

Disciplina que nos impede de ser delinquentes,

 

Generosidade quando a mesquinhez é matriz do sucesso,

 

Honestidade que não deixou de ser uma virtude essencial.

 

Há que se destacar também as intuições da ética das virtudes:

 

-  a virtude não se anuncia,

 

- a coragem não diz “oi, cheguei, eu sou a coragem”,

 

- a virtude é reconhecida pelo outro,

 

- como dizem os ingleses, “um gentleman nunca anuncia que ele é um gentleman” e

 

- as virtudes são silenciosas, são tímidas, não são anunciadas.

 

“Você conhece alguma coisas mais fundamental hoje em dia do que não fazer propaganda de si mesmo, num mundo em que o marketing domina tudo?”  (Pondé)

... e quais seriam os Vícios?

Por falta e por excesso

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No contexto de nossos informes, chamamos de vício um comportamento habitual, que se repete rotineira e frequentemente, causando um dano à nossa saúde.

 

Vício por falta (ou omissão) aponta comportamentos que deixamos de fazer ou que fazemos em quantidade menor do que é necessário à nossa saúde, por exemplo, beber menos que um litro de água por dia.

 

Vício por excesso aponta comportamentos que fazemos em quantidade maior que a capacidade que temos de suportar, gerando um dano ao nosso organismo. Por exemplo, repetir 4 vezes o prato de feijoada.

 

Os vícios mais frequentes que os pacientes apresentam em nossa clínica psicológica são: dormir menos do que o corpo pede, utilizar redes sociais e/ou vídeo games por tempo excessivo em detrimento de atividades essenciais, não ter uma rotina de exercícios físicos, evitar encontros presenciais, consumir  bebidas alcoólicas em excesso, fazer compras compulsivamente, não descansar e não se divertir preferindo trabalhar em algo que beneficia apenas o patrão.

 

Cada um destes vícios prejudica a saúde, em especial, tornando o corpo disfuncional.

 

O vício desconsidera ou menospreza a natureza corporal.

 

Quando damos atenção às sensações corporais e agimos no sentido de revigorar e revitalizar o nosso corpo, trilhamos o caminho da virtude ... e da boa saúde.

 

 

A justa medida para além das virtudes ... talvez para tudo

 

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As virtudes apontadas na tabela de Aristóteles são referências importantes para o que costumo chamar de Virtudes Relacionais Relevantes - VRR.

 

As VRRs, além de se valerem das propagadas Empatia e Compaixão, potencializam relações saudáveis e agradáveis.

 

Ao levarmos em conta o bem estar do outro e do grupo social em que estamos inseridos, potencializamos as VRRs. Elas nos tornam atentos às consequências de nossas ações para as pessoas e para o ambiente em que atuamos. 

 

A falta das VRRs geram os comportamentos ruins que observamos diariamente: desrespeitos de toda ordem, egocentrismo, egoísmo, manipulação, controle, abusos diversos, vandalismo, má distribuição de renda/recursos, privilégios e insegurança entre outros. Basta ouvir os noticiários diversos e completar esta lista.

 

 

E nas sessões de psicoterapia ...

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Tratamos diversos temas associados aos vícios por omissão e por excesso.

 

Vícios por Excesso

 

O mais comum é o pensamento obsessivo, vilão gerador do Transtorno de Ansiedade.

 

Um pensamento obsessivo monopoliza o uso da mente. Quando a mente se restringe a pensar num único tema, deixa de dar atenção ao que está acontecendo no “aqui e agora”. Se pensamos permanentemente no passado, no que já aconteceu, ou se pensamos permanentemente no que poderá acontecer, deixamos de aproveitar o presente, nos tornamos deprimidos ou ansiosos.

 

Vícios por Omissão

 

Quero citar aqui a falta de cuidado com o corpo.

 

O Informe de Maio/2021 menciona que cuidar do corpo é dormir bem, comer bem e respirar bem.

 

Não Comer bem: aprendi com uma paciente que seu médico simplificou o conceito de dieta saudável: “Se Deus fez, nos faz bem. Se o homem (industrializados) fez, faz mal.”

 

Não Dormir bem: o mesmo informe sugere: Adormecer tranquilamente e ter um bom período de sono, uma prática por intermédio de exercícios simples, que a Análise Bioenergética propõe.

 

Não Respirar bem: respirar profunda e lentamente ajuda a perceber qual é a necessidade do corpo e também altera o estado de humor sempre para melhor. Experimente. Muitas vezes é mais fácil mudar o mundo interno (corpo) do que mudar o mundo externo (ambiente em que estamos).

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Referência bibliográfica:

 

A justa medida na etica aristotelica, Pedro Menezes. Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

 

A ética das virtudes ainda é atual, recorte de entrevista com Luiz Felipe Pondé

 

Informe Maio/2021
Dormir Bem e Ansiedade Noturna

Respiração aprofundada e exercícios simples podem ajudar