Fevereiro/2023: Psicologia

 

Sua Atenção e suas Escolhas
Influenciadores e Comunidades Digitais

Marketing de Influência, Marketing Digital e Consumismo
 

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Enquanto escrevo este texto, contemplo o dia ensolarado e o céu azul, admirando a represa convidativa e a dança de seus veleiros. Este estímulo redireciona a minha atenção. Fantasio estar num dos veleiros,  sentindo o vento fresco no rosto e admirando a paisagem. Só depois deste devaneio volto a me concentrar neste texto. A tela do meu celular acende e mostra a mensagem de um paciente. Novamente minha atenção é redirecionada, ele solicita uma sessão de psicoterapia adicional.

 

Três atividades: escrever este informe, velejar na represa e responder ao paciente. Minha atenção foi redirecionada quatro vezes: a primeira pela visão do lindo dia; a segunda para voltar a escrever, a terceira pela mensagem do paciente e a quarta para voltar novamente a escrever. Minha escolha foi persistir na concentração necessária para na preparação deste informe.

 

Inúmeros estímulos nos afetam o tempo todo, gerando impulsos corporais que demandam que nossa mente dedique atenção ao estímulo captado. Dar sentido a estes estímulos entra em conflito com a concentração necessária à realização do estamos fazendo. E muitas vezes interrompemos que tínhamos nos proposto a fazer.

 

Fazer o que desejamos e planejamos sempre entra em conflito com o perigo que o medo nos aponta e com a inesperada e excitante oportunidade de prazer que se apresenta.

 

Persistir na tarefa e manter a concentração depende da intensidade do medo (e também da ansiedade) e da excitação.

 

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Vivemos a Era da Disputa por nossa Atenção

(Com recortes e edições do texto de Benvenutti)

 

Há algum tempo eu procurava uma maneira de abordar este tema. Encontrei-a na matéria de Maurício Benvenutti, publicada no Jornal O Estado de São Paulo, de 2 de novembro de 2022.

 

Segundo Benvenutti, Mrbeast é um influenciador com mais de 100 milhões de seguidores no Youtube.

 

No fim de setembro de 2022, a mídia norte americana reportou que ele recusou uma oferta de 1 (um) bilhão de dólares, por seu canal e suas  empresas vinculadas a ele. Mrbeast não só recusou, como disse que não negociaria nada por menos de 10 (dez) bilhões de dólares. Sua decisão surpreendeu muita gente, porque só uma parcela muito pequena da sociedade entende o que esse e outros influenciadores estão desenvolvendo.

 

Assim como Mrbeast, os influenciadores digitais trabalham na construção de comunidades. Lançam conteúdos, interagem com o seu público e começam a formar comunidades com interesses em comum. A partir daí, são criados produtos para essas comunidades. Estes produtos podem ser qualquer coisa.

 

Mrbeast, por exemplo, já lançou a Feastables, uma empresa de chocolates e snacks, e a startup Backbone, que transforma celulares em controles de videogames, além de outros negócios. Um dos seus empreendimentos mais conhecidos é a cadeia virtual de restaurantes Mrbeast Burger, que vendeu 1 (um) milhão de hambúrgueres em 2021 no seu 1.º trimestre de operação. Hoje, além de estar disponível em mais de mil locais nos EUA, Canadá e Europa sem ter espaços físicos, a 1.ª loja de rua foi aberta em setembro/2022 e já quebrou o recorde mundial de hambúrgueres vendidos em um único dia.

 

A partir de grupos com os mesmos interesses é possível criar demanda para qualquer coisa.

 

Há pouco tempo atrás a situação não era essa. Primeiro, era preciso abrir uma empresa. Depois, produzir peças de conteúdo para atrair potenciais consumidores. E, se as pessoas comprassem e aprovassem os produtos, construir uma comunidade para recomendá-los e divulgá-los espontaneamente.

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Os influenciadores estabelecem a comunidade primeiro. Eles formam grupos de indivíduos que compartilham afinidades reais, criam interações genuínas com essas pessoas e desenvolvem produtos com base nas necessidades desse público alvo. O que fazem é construir uma audiência que considera sua voz e presta atenção no que falam. Esse é o maior ativo.

 

Vivemos a era da disputa por atenção. E distribuir conteúdo em escala, com a consequente construção de comunidades, é uma das principais formas de conquistar a atenção de alguém. Ao ser capaz de reunir pessoas que se interessam pelo conteúdo mostrado, é possível criar demanda para praticamente qualquer coisa que se queira oferecer.

 

Marketing de Influência,
Marketing Digital,

Consumismo e Você

(Com recortes e edições do
conteúdo do site do 
Instituto Qualibest)

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Influenciar as pessoas com quem nos encontramos faz parte da natureza humana. Mesmo que não tenhamos este propósito, a cada encontro podemos ser observados, aceitos, rejeitados, criticados, julgados, incluídos, excluídos, amados e admirados. A qualidade da influência que exercemos sobre as pessoas é alvo de estudo e instrumentação do Marketing, em especial do Marketing de Influência, um recurso essencial e cada vez mais relevante na estratégia de venda de produtos e serviços.

 

Segundo o Instituto QualiBest, o Marketing de Influência teve sua primeira fase em 1890, quando Nancy Green ilustrou a embalagem da massa para panqueca Aunt Jemima. O resultado foi percebido logo de cara, ao receber 50 mil pedidos da massa, o que tornou Nancy porta-voz da marca.

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No Brasil dos anos 1990, representando personagens do Marketing de Influência, podemos citar o ator Carlos Moreno, garoto-propaganda da Bombril, e Sebastian, com o slogan “Abuse e Use”, da C&A.

 

Nos anos 2000, Era Digital, as plataformas como Facebook e Twitter foram crescendo, e os influenciadores encontraram nelas um caminho fluido. O Marketing Digital abriu espaço não apenas para o comércio eletrônico, assim como para a profissionalização dos influenciadores.

 

Dados de uma das pesquisas QualiBest apontam que 76% dos internautas brasileiros já consumiram produtos ou serviços após a indicação de influenciadores.

 

Em 2014, as atenções começaram a se voltar para os influenciadores. E em 2016 as empresas começaram a dar mais ênfase às qualidades dos seguidores (interações, perfil, interesses, etc) ao invés de olhar apenas para o número total de seguidores. 

 

Acessar informações via internet sem ser atacado por inúmeros anúncios de produtos e serviços é praticamente impossível nos dias atuais. Muitas vezes desistimos de ler um conteúdo, tamanha a dificuldade de manter a concentração, graças à quantidade enorme de anúncios de propaganda inseridos entre os parágrafo do texto que nos interessa.

 

Como mostrado na matéria de Benvenutti, os anunciantes disputam nossa atenção, com métodos modernos e tão antigos quanto o dos feirantes, gritando em nossos ouvidos - ”Olha a banana, gente bonita." - só porque passamos pela feira, quando apenas queremos comer um pastel e tomar um caldo de cana.

Se captam nossa Atenção, podem influenciar nossas Escolhas

 

O tema da Escolha me faz lembrar de outro informe, Como eu seria, se tivesse feito outras escolhas?. “ ... Seria melhor ficar com Tereza ou continuar sozinho?”, que publiquei em abril/2021. Talvez você queira revê-lo também.

 

Naquele informe, tratamos da consciência: seria ela a principal instância do processo de escolha? Ou seriam o inconsciente, o corpo e as emoções? Optamos por considerar que todas as instâncias atuam no processo de escolha.

 

E do Princípio do Prazer, para quem o que importa é aproveitar a oportunidade que se apresenta, sem considerar as consequências. Viver o "aqui e agora".

 

E do Princípio da Realidade, que dá muita atenção às consequências da escolha, às regras morais e legais. E lá se vai o prazer e a alegria.

 

Nesta Era Digital, podemos dizer que a dependência do acesso online à informação de nosso interesse é um fato. As empresas de tecnologia da informação estimularam este comportamento. No início, elas forneciam um serviço de busca, que muito facilitava a nossa vida. Hoje comercializam anúncios a quem publica qualquer conteúdo. Os anúncios são obstáculos entre nós e o conteúdo desejado. Quem paga mais pelo anúncio sai no início da lista dos conteúdos encontrados. Muitas vezes desistimos ultrapassar os obstáculos para chegar ao conteúdo desejado. O processo de procurar acessar a informação que queremos é frustrante.

 

Para as gigantes do Big Data, a ordem de conteúdos a serem indicados nas pesquisas é item relevante do preço que o anunciante paga para divulgar seu conteúdo.

 

O conteúdo mais acessado é do anunciante que investe mais dinheiro no provedor do serviço de busca na internet.

 

É muito mais trabalhoso e custa muito mais caro pesquisar sem o uso dos sistemas de busca. Queremos ver tudo na telinha do nosso smartphone, tablete ou PC. “Bibliotecas com seus livros impressos são coisas do passado”. “A Livraria Cultura da Av. Paulista fechou”. O auxílio da bibliotecária, do especialista, do consultor, dos mais velhos e também dos professores foi substituído por palavras chave digitadas e um toque na tela.

 

E o preço que pagamos para pesquisar as informações e bases de dados que estão arquivadas nos computadores do mundo todo é ver/pular/avaliar os anúncios de quem paga às empresas que fornecem os serviços de busca na internet.

 

O Marketing Digital tornou-se uma área de enorme interesse, ao ter convencido as empresas em geral, de que é o investimento de maior retorno e de menor custo, para a comercialização e divulgação dos produtos e serviços.

 

No início deste texto, falamos do estímulo que redireciona nossa atenção para algo diferente do que pretendíamos fazer. Muitas vezes, os anúncios digitais ganham mais atenção das pessoas do que os estímulos do mundo real: natureza, nosso corpo, família, amigos, professores, ídolos, gurus, fatos, ideologias, filosofias e espiritualidade, entre outros.

 

Atenção: ao que estamos mais atentos?
... que tal refletir um pouco? ...

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Escolhas: como se relacionam com nossa atenção predominante?
... que tal refletir um pouco mais? ...

 

Referência bibliográfica:

 

Vivemos a era da disputa da atenção
Transcrição da matéria de Maurício Benvenutti, publicada no Jornal O Estado de São Paulo, de 2 de novembro de 2022

 

Como eu seria, se tivesse feito outras escolhas?
Informe - Psicologia - Abril/2021
"Nunca se pode saber o que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores, nem corrigi-la nas vidas posteriores."

 

Princípio do Prazer e Princípio da Realidade
FREUD: Formulações sobre
os dois princípios do funcionamento mental

 

Instituto Qualibest

Pesquisas de mercado: "inovamos nas técnicas e metodologias de captação e análise de dados, sempre com foco em acompanhar as mudanças de comportamento das pessoas e entender melhor seus hábitos, relações e desejos."


O que é Big Data?

Big data é um conjunto de dados maior e mais complexo, especialmente oriundos de novas fontes. Esses conjuntos de dados são tão volumosos que o processamento de dados tradicional simplesmente não consegue gerenciá-los. Especialistas alegam que esses grandes volumes de dados podem ser usados para resolver problemas que não poderiam ser resolvidos sem eles.

 


Jaimildo Vieira da Silva - CRP 6/89557
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